27.8.08

Para ela, eram olhares preciosos.
Qualquer desculpa para conversar com ele.
Declarações que ela fazia. 'De amiga', jurava.
Detalhes mínimos. Coisas que ele nem lembra mais, guardadas todas no coração dela.
Ele a encatava de tal forma...
Um certo dia, resolveu contar a verdade.
Tomou coragem.
Ele disse que ia voltar lá pelas seis da tarde.
Depois de algumas horas, ele voltou, acompanhado.
E um calafrio percorreu-me o corpo. Um sentimento antes desconhecido tomou conta de mim. Gelei.
Por algum tempo, só ouvi gritos que foram se silenciando confome o tempo passava.
Os pedidos foram perdendo o efeito.
Olhei em volta. Avistei no canto da sala, um coração jogado. Sem cor. As cicatrizes entregavam a quantidade de vezes que esse coração foi ferido e reconstruído.
Um coração que um dia amou tanto, com tamanha força.
Um coração que um dia sentiu saudades e bateu forte quando encontrou alguém especial.
E agora, ele estava ali, jogado em um canto qualquer.
Aquilo, era meu.

Impulso

É que às vezes eu tenho vontade de mudar um pouco a minha história, para que eu deixasse de ser tão curiosa e pensativa. Típica sonhadora. Ingênua, talvez.
Porque o mundo não pára para nos consolar, o tempo não espera a nossa recuperação. A vida passa por cima sem querer saber o tamanho da ferida que carregamos no peito. Porque não existe essa eternidade. E no final das contas, o pra sempre sempre acaba, sendo mais um conjunto de sílabas sem significado, ditas no auge do momento. As pessoas erram, crescem e mudam. Mudam...

21.8.08

Futuro

A saudade bateu forte hoje. Entrou em casa sem nem ao menos bater na porta.
Peguei aquelas fotos, aquelas cartas que você me mandou. Tantos risos, momentos inesquecíveis.
Saí para acalmar um pouco o coração. Pela cidade, um pedacinho seu deixado em cada canto. Na praça, nas lojinhas, no portão, na esquina, na praia. Aquela praia em que trocamos tantos carinhos e beijos. Aquela praia que foi onde fizemos juras e juras de amor eterno, onde demos tantas risadas, onde choramos tanto.
As lembranças vieram com toda a força. Seu cheiro, seu sorriso, o brilho dos seus olhos, o gosto dos seus beijos. Pude sentir a tua pele, você mexendo em meus cabelos como sempre fazia, tua respiração aquecendo meu pescoço.
Lembrei de seu toque. Arrepiei.
Quando abri os olhos, apenas o mar, a brisa e a saudade eram os meus companheiros. Você tinha ido mesmo e não pude fazer nada.
O coração apertou, o ar faltou, as lágrimas brotaram. E lá estava eu de novo, no mesmo lugar em que, naquela noite, vi você se afastando devagar, sumindo por entre a neblina.