Coloquei aquela música que dançamos no mais profundo silêncio para tocar... doce melodia.
Peguei aqueles pedacinhos que haviam caído do céu azul e os coloquei no seu devido lugar.
Reguei as flores falantes e ainda ouvi as lamentações das margaridas dramáticas, as histórias das intensas paixões das rosas e os relatos das festas que o lírio visitou.
Conversei com o bem-te-vi, cantei com o sábia, mas ele me mandou ensaiar mais um pouco.
Tive uma aula sobre filosofia com a coruja, acalmei a Maria-do-Barro, que havia brigado com o seu marido: João-do-Barro.
No final da tarde, peguei uma carona com uma tartaruga que passava por ali.
Chegando em casa, aproveitei para recarregar um pouco as nuvens, e estas me presentearam com uma garoa de verão.
Repintei as cores desbotadas do arco-íris, tracei com uma canetinha azul a nova linha do horizonte, rabisquei com uma canetinha laranja o reflexo do sol no mar.
Coloquei o sol para dormir, acordei a lua e acendi as estrelas.
Deitei na grama verde recém-pintada e fiquei ali, admirando as estrelas (cá entre nós, acho que são todas leoninas!) e lembrando de nossas risadas.
Saudades.